Meu amor,
Neste fim de tarde,
Na prisão de meu próprio corpo,
Nos sonhos desasados,
Estás quase a partir.
Foi no dia 9 de Novembro.
E desde então o sol aparece sempre fugaz como a pena que esvoaça
E caiu na minha varanda.
Mas eu sou essa pena,
Que leve rapidamente cai das asas do sonho
Mas lentamente desce das alturas
À procura de onde possa pousar…
Não, não queria o chão,
Mas é sempre esse o meu destino…
O chão onde tu estás,
A terra lamacenta arrasada pela chuva
Ressequida pelo calor…
Essa terra está longe, mas é a única coisa que tenho agora contigo…
Porque aquela onde vivo sozinha é terra de desilusão, terreno escorregadio,
Pântano onde afogo minhas mágoas
Terra de ninguém!
Sim, já não sou ninguém!
Sou apenas as lágrimas da chuva outonal…
O vento,
Que soprará sempre em Novembro…
No Outono não se constroem sonhos
E os velhos morrem…
Até em África a chuva cai nas costas dos pobres…
Mas até os pobres de África têm sonhos que tu alimentavas!
Porque não eu consigo eu sonhar?