segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

30 de Janeiro de 2012, 24 anos de casados

Tino, meu amor:


O nosso aniversário passou. Não te escrevi uma palavra não porque me esquecesse mas porque a lembrança era tão dolorosa, é cada vez mais dolorosa, que nem consegui escrever palavra...só tu me compreendias no mais profundo de mim mesma e hoje sem ti a vida é o arrastar dos dias rumo à eternidade, é um eterno deserto onde de todos os seres nenhum há comparável a ti e a minha solidão é apenas a tua ausência, a ausência da compreensão de mim mesma.
Hoje são as tuas palavras que deixo, umas que escreveste há muito e só há poucos dias descobri...elas me deixam sem vontade de viver porque tu não estás para as pronunciares...Deus poderia fazer-me a benesse de me dar alguém semelhante a ti, que vivias as palavras que pronunciavas, que amavas sem egoísmo...as minhas palavras eram as tuas e as tuas eram minhas...hoje nas minhas palavras procuro escutar as tuas...mas as palavras relembradas não são suficientemente fortes para atenuar a minha dor, elas têm a tua força mas não a minha...mas vou chegar lá, vou chegar à força das tuas palavras quando a sua lembrança já não me magoar, quando as minhas já forem tão fracas que não tenham nem a força da mágoa...e quando Deus me der alguém semelhante a ti...

Tua mulher que te ama,

Benvinda


Ao fim da tarde de ontem sentei-me para ler. Um sol de Junho descia serra abaixo em direcção ao mar lá longe. A serra é onde o meu olhar se perde, cheia de majestade e personalidade. É aqui, no sítio do meu refúgio de leitura e de leve meditação que a vejo em todo o seu esplendor. De súbito ouvem-se chocalhos e campainhas e o prado diante de mim enche-se de ovelhas numa melodia “celestial”. E depois medito na Bíblia e na ovelha perdida e lembro-me da profecia proferida por Isaías e na ovelha desgarrada...e quando penso na unidade natural do rebanho e na dificuldade de a ovelha se tresmalhar...lembro tempos antigos em que o rebanho me seguia e compreendia a minha voz e na dificuldade que tive ao separar-me dele...
Deus escolheu-nos para sermos um rebanho e determinou que tivéssemos pastores para nos dirigirmos bem e nos alimentarmos bem da Palavra que é a Sua! “Au fil des temps” o mundo encheu-se de pastores e subsequentemente de religiões que mais não fizeram que tresmalhar o rebanho. O que se vê hoje em dia são, em geral, seguidores de religiões – ovelhas errantes que tendo pastor estão sem pastor – e não seguidores de Cristo. Cultivou-se a ideia de um evangelho obrigacional que para além de impor regras impõe sobretudo grandes contribuições. Desvirtuou-se assim o Evangelho que é de Cristo para se criar um novo evangelho se possível sem Cristo mas com muita religião. O religioso é mais fácil de manipular do que aquele que deposita a sua fé no Evangelho de Cristo e sabe porquê! Ora aquele que deposita a sua fé exclusivamente no facto de Jesus ter morrido em seu lugar é esse que está pronto a vencer o mundo e sabe fazer a diferença entre fé e religião!

Florentino Lavrador Francisco

2 de Janeiro de 2012, 52 anos

Dedica-te a tua cunhada Ana Caldeira:


É impossível lembrarmo-nos dele sem lembrarmos automaticamente do seu sorriso, tão espontâneo e sincero, tão contagiante, tão verdadeiro! Recordo-o com tantas saudades, tantas brincadeiras, tanta risada que partilhámos! Às vezes ainda tenho a tendência de me meter com pessoas que vão na rua quando vou de carro, a dizer simplesmente parvoíces, pois era algo que fizemos tantos anos quando andavamos convosco de carro e ele ria-se perdidamente! Foi com ele que aprendi tanto sobre Deus...foram tantos e tão bons momentos que passámos juntos!...Foi com ele que ganhei o gosto pela fotografia, foi com ele que fui um dia conhecer a Sortelha, foi...tanta coisa tão boa que recordo com tantas saudades!...Tantos momentos de alegria que é difícil enumerá-los todos!

JAMAIS O ESQUECEREMOS!...

"Quando Deus a um homem deseja treinar
Deleitar, capacitar;
Quando Deus a um homem deseja moldar
Para o que há de mais nobre alcançar;
Quando de todo o coração anseia
Torná-lo tão grande e destemido
Que a todo o mundo deixe estarrecido,
Observa seus métodos, observa seus modos!
Como é implacável ao aperfeiçoar
Aquele a quem concede a alta distinção de chamar;
Como o amassa e o fere
E com que poderosos golpes o transforma
Dando ao barro forma e feição
De que só Ele tem compreensão
Enquanto o torturado coração
De mãos erguidas lamenta...
Contudo, Deus verga, mas jamais quebra
Quando o bem do homem Ele intenta;
Como usa a quem lhe apraz
E com que imenso poder o conduz.
Com cada acto o induz
A seu esplendor reflectir.

DEUS SABE O QUE FAZ!"