terça-feira, 22 de março de 2011

Mantenho-me na existência

E o meu espírito paira sobre a terra

A minha alma procura desesperadamente em cada ser

Uma reminiscência de ti

Um prolongamento de nós

A minha identidade perdida.

Jamais alguém como tu!

Jamais nós!

Tu estás no céu

Junto de Deus

Deixaste a terra.

A lembrança é dolorosa como um cravo espetado na carne

O coração dilacerado pena

E a alma parece libertar-se do corpo.

Mas o corpo mantém-se na existência

Apaziguando de vez em quando

A dor da alma.

E o coração continua incólume

Perseguindo seus ideais

Como se o sonho fosse a única forma de existência possível

A única alternativa à dor

A única lembrança que não dói

O único futuro possível …

Sim, existo para além de ti

Sou !

Estou!

Fico!

Mas ficar na existência não chega,

Sonhar não chega,

É preciso viver normalmente

Como se não tivesses existido

Como se não tivesses partido

Como se não tivesses sofrido

Como se eu não sofresse ainda e sempre!

Mas mesmo que a lembrança se vá,

Mesmo que o sonho não seja eterno

Mesmo que o espírito encontre o corpo

E a alma se pouse na existência

Para nela recomeçar a viver normalmente

A realidade sem ti, sem nós, e eu sem mim,

É ainda o mais duro de enfrentar…

Tenho, então, que ser outra

Outra pessoa,

Outro ser

Como os outros

Mas sem eles…

Como ser então eu sem ti

Sem os outros

Eu e só eu?

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