quinta-feira, 29 de abril de 2010

29 de Abril de 2010

Tino, meu amor:

Hoje nasceu o meu sobrinho e tu não estás...
Hoje fui convidada por uma nossa conhecida para visitar a sua linda vivenda que tu não conheceste...era contigo que a devia visitar...eras tu, que tanto gostavas de crianças, que devias responder à sua netinha...
Depois, no regresso, encontrei os meus óculos destruídos pelo cão que o nosso filho trouxe para casa e que tu não consentirias...
Hoje comprei o terreno no cemitério onde depositei o teu corpo e onde jazem os teus ossos...
Hoje fiz tantas coisas sem ti e contigo...
Uns nascem outros morrem, a vida é assim feita de tudo e de nadas...
Vida e morte sucedem-se no eterno fluxo do tempo até chegarmos a Deus de onde viemos e onde tu estás há 169 dias...
Tudo é fugaz...
Se o meu espírito está contigo e o teu com Deus, o meu corpo, contudo, arrasta-se pela existência...
Como viver esquecendo-se que se vive? Como ter a ilusão de viver morrendo?


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